Adições a Alcool - PSicologia

 O alcoolismo é uma doença complexa e crónica e tem uma etiologia multifatorial e progressiva que se caracteriza pelo uso compulsivo e problemático de álcool, com implicações severas para a saúde física, psicológica, social e emocional dos indivíduos. Esta perturbação integra comportamentos compulsivos, sintomas de abstinência e uma dificuldade contínua em controlar o consumo. A Perturbação da Adição ao Álcool não é apenas um hábito de consumo excessivo, mas sim uma condição em que a pessoa desenvolve uma necessidade física e psicológica ao álcool, e por isso, integra comportamentos compulsivos, sintomas de abstinência e uma dificuldade contínua em controlar o consumo. 

No contexto português, os dados das últimas décadas revelam preocupações importantes sobre as taxas de prevalência do consumo de álcool. Embora se observem avanços na redução do uso entre os mais jovens, Portugal ainda apresenta níveis consideráveis de adição ao álcool entre adultos, particularmente em faixas etárias mais avançadas, evidenciando um problema que atravessa gerações.  

           De acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística e do ICAD, Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências o álcool permanece como a substância psicoativa mais consumida, com 75,8% da população entre os 15 e os 74 anos, que já tenham consumido álcool, em algum momento da vida. O consumo de álcool em 2017 era de 59,4%, e em 2023 subiu para 68,5%. Fatores como a cultura permissiva em relação ao consumo de álcool e o fácil acesso contribuem para a evolução destes números apresentados e das adições, destacando a necessidade de compreender as causas subjacentes. 

         O consumo excessivo de álcool é mais frequente entre os indivíduos com idades entre 25 e os 44 anos, enquanto a dependência crónica está mais associada a faixas etárias de idade mais avançada. Além disso, os jovens adultos (15-24 anos) demonstraram um ligeiro decréscimo no consumo frequente, possivelmente devido a campanhas de sensibilização, embora ainda representem um grupo de risco a considerar. 

       Em relação às diferenças de género, gostaríamos de referir que embora os homens continuem a apresentar maiores taxas gerais do consumo de álcool, verificou-se um aumento expressivo entre as mulheres, particularmente no padrão de consumo rápido e excessivo, chamado de binge drinking. Este comportamento é mais prevalente entre as mulheres jovens e adultas, refletindo mudanças culturais e sociais que reduzem o estigma associado ao consumo feminino de álcool. Deste modo, o binge drinking refere-se ao consumo intenso e episódico de grandes quantidades de álcool num curto período, geralmente com o objetivo de atingir rapidamente um estado de embriaguez. Este comportamento é geralmente definido como a ingestão de cinco ou mais bebidas alcoólicas numa única ocasião para homens, ou quatro ou mais para mulheres, em cerca de duas horas, e está facilmente  associado a eventos sociais e a festas. 

         Deste modo, Portugal possui uma cultura permissiva em relação ao álcool, muitas vezes associado aos tais eventos sociais, festas e tradições. Este contexto contribui para a normalização do consumo em todas as faixas etárias e dificulta a implementação de estratégias de prevenção mais eficazes. Adicionalmente, o fácil acesso e a aceitação social generalizada reforçam a prevalência do consumo, especialmente em situações de lazer e convívio. Estas dinâmicas sublinham a necessidade de medidas mais direcionadas, como educação preventiva, regulação mais rigorosa sobre a venda e marketing de bebidas alcoólicas e maior acesso a tratamentos para a dependência de álcool. 

       Os dados mais recentes sobre o consumo de álcool em Portugal indicam ainda, que tanto pessoas mais jovens quanto as de idade mais avançada, procuram ajuda terapêutica, contudo as motivações e padrões de consumo diferem entre as faixas etárias.  Uma vez que a faixa etária mais predominante no consumo excessivo ou problemático são homens entre 25 e os 44 anos, são frequentemente estes consumidores quem mais procura ajuda para ultrapassar este problema. No entanto, com o aumento do consumo de álcool por parte das mulheres, principalmente de binge drinking, estas também manifestam a procura de tratamento, especialmente em idades adultas. Deste modo, os indivíduos em faixas etárias mais avançadas, provenientes de um consumo crónico e excessivo, normalmente enfrentam impactos nefastos na saúde, como doenças hepáticas e/ou doenças cardiovasculares, e desta forma também tende a procurar ajuda, devido a estes problemas físicos graves associados ao alcoolismo. 

             Desta forma, a taxa de sucesso do tratamento depende de fatores como a idade do indivíduo, o seu género, o seu contexto sociocultural, o tempo da dependência, o suporte de  apoio da sua rede social, assim como a motivação pessoal. Contudo, as intervenções psicossociais, como as estratégias preventivas e personalizadas no combate ao alcoolismo  e o acompanhamento de terapias especializadas são imprescindíveis para se atingir o sucesso do tratamento. Os dados dos últimos anos, segundo as estatísticas de atendimentos em Portugal, destacam a importância de reduzir e mitigar as recaídas por estas serem bastante frequentes, dando-se o insucesso do acompanhamento obrigando assim os consumidores a retornarem ao tratamento. 

Numa perspetiva, segundo o DSM-5-TR (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Perturbações Mentais 5ª Edição - Texto Revisado), o alcoolismo é abordado sob o nome de Perturbação Relacionada com Álcool, inserida na categoria das Perturbações Relacionados com Substâncias e Perturbações Aditivas. Ainda referir, que o termo “alcoolismo” já não se encontra de maneira isolada no DSM-5-TR, contudo faz referência dentro desta categoria indicada, onde abrange tanto o consumo problemático de álcool, como outros tipos de substâncias. Assim, a Perturbação Relacionada com Álcool segundo o DSM-5-TR é categorizado como parte das perturbações relacionadas com uso de Substâncias e Perturbações Aditivas. Esta perturbação envolve o consumo problemático do álcool, manifestando-se em comportamentos compulsivos e dependentes. O diagnóstico requer que pelo menos dois dos critérios, como o uso excessivo do álcool, tentativas frustradas de reduzir o consumo, ou efeitos adversos em saúde e comportamento, sejam atendidos dentro de um período de 12 meses. Desta forma, ainda referir que o DSM-5-TR classifica estável perturbação de acordo com a gravidade em três níveis: Leve: 2-3 critérios atendidos; Moderado: 4-5 critérios atendidos e Grave: 6 ou mais critérios atendidos. Assim, baseamo-nos nesta avaliação dicotómica do DSM, onde reflete uma compreensão mais flexível e abrangente do transtorno, reconhecendo a natureza contínua do espectro do uso de substâncias, desde o uso ocasional até a dependência severa.  

       A abstinência do consumo de álcool ocorre quando uma pessoa que consome álcool regularmente e em quantidades significativas, interrompe ou reduz bruscamente o consumo. Esse processo pode desencadear uma série de sintomas físicos como psicológicos, que se enquadram na síndrome de abstinência do álcool. A gravidade destes sintomas depende de fatores como a quantidade e a frequência do consumo, assim como dependem da duração do uso e da saúde geral do indivíduo. Os sintomas geralmente surgem dentro de 6 a 24 horas após a última ingestão de álcool e podem durar durante vários dias. Entre os sintomas leves a moderados, destacam-se os tremores nas mãos, sudorese excessiva, náuseas, vômitos, perda de apetite, ansiedade, irritabilidade, insônia e dor de cabeça. Já os sintomas graves ou severos incluem convulsões (geralmente nas primeiras 48 horas), alucinações visuais, auditivas ou táteis e o delirium tremens, um quadro potencialmente fatal caracterizado por confusão mental, febre, hipertensão arterial e taquicardia, que exige uma intervenção imediata. 

Os fatores de risco para o consumo excessivo de álcool envolvem uma combinação de fatores biológicos, psicológicos, sociais e ambientais, como a predisposição genética que é um fator muito significativo, uma vez que indivíduos com antecedentes familiares de alcoolismo têm uma maior probabilidade de desenvolver esta dependência, assim como também crescer num ambiente onde o consumo de álcool é comum e aceite aumenta o risco de desenvolver problemas com o álcool. A pressão de pares, especialmente entre os jovens, também desempenha um papel importante, com o consumo excessivo muitas vezes associado ao contexto de grupo e comportamentos de risco. 

Outros fatores de risco apontam para condições como a depressão, a ansiedade e as perturbações de stress pós-traumático, que estão frequentemente associadas ao consumo excessivo de álcool, onde este pode ser usado como uma estratégia de copping completamente desadaptativa, de forma a  lidar melhor com estes sintomas. De um ponto de vista sociocultural, em algumas culturas o consumo de álcool é socialmente aceite e até encorajado, mesmo em idades precoces, o que pode levar ao seu abuso e dependência na vida adulta. Além disso, o fácil acesso a bebidas alcoólicas e a normalização do consumo em festas e eventos sociais também são fatores de risco importantes, que contribuem para um total desajuste e desequilíbrio psicológico, emocional e comportamental do indivíduo. 

Por outro lado, os fatores de proteção envolvem o suporte emocional, familiar e social, como programas de educação e conscientização, de culturas e centros de comunidades que desencorajam o consumo excessivo. Deste modo, e em virtude da escolha do tema do alcoolismo, esta é justificada pela sua relevância enquanto problema de saúde pública, devido às suas consequências individuais, sociais e culturais, associadas a uma série de problemas de saúde já referidas como doenças hepáticas, cardiovasculares, distúrbios mentais e perturbações sociais. Esses fatores podem ajudar a prevenir o abuso de álcool e a promover comportamentos mais saudáveis e estratégias de copping mais adaptativas. 

Resumindo, o consumo geralmente começa por motivos sociais e culturais, com a pressão de pares ou hábitos familiares sendo fatores bastante significativos, e quanto mais cedo ocorre o início do consumo, maior a probabilidade de se desenvolver a dependência no futuro. Além disso, como já vimos, condições como a depressão e ansiedade estão frequentemente associadas ao início ou agravamento do consumo de álcool. 

Portanto, estudar esta perturbação não só nos permite aprofundar a compreensão sobre os mecanismos de adição e o impacto na saúde, assim como também reforça a importância da prevenção e das políticas públicas mais eficazes. Este trabalho procura, assim, explorar as várias dimensões do alcoolismo, ressaltando a sua pertinência para a prática clínica, para a saúde comunitária e para encontrar as estratégias mais eficazes de intervenção dentro da psicopatologia do ser humano. 

Evolução no DSM e motivos para a sua inclusão 

DSM-I (1952): 
O alcoolismo foi reconhecido como uma perturbação devido à evidência crescente de que o consumo excessivo de álcool não era apenas uma questão de comportamento moral, mas uma condição associada a sofrimento psicológico e prejuízo funcional. No entanto, era visto mais como uma fraqueza de caráter. 

DSM-II (1968): 
Houve uma mudança para o termo "Alcoolismo Crónico", que começou a destacar aspectos médicos e psiquiátricos. Era descrito como um padrão de abuso de álcool que causava sofrimento significativo, mas ainda não havia uma distinção clara entre abuso e dependência. 

DSM-III (1980): 
A terceira edição trouxe uma revolução na classificação das perturbações mentais, incluindo critérios mais precisos. O alcoolismo foi subdividido em "Abuso de Álcool" e "Dependência de Álcool", refletindo a gravidade do problema. Essa mudança foi fundamentada em pesquisas que mostraram que o alcoolismo tinha características específicas e mensuráveis, como tolerância, abstinência e compulsão para uso. 

DSM-IV (1994): 
As categorias de abuso e dependência continuaram, com critérios baseados em dados empíricos. Essa divisão foi criticada por criar uma barreira artificial entre os dois diagnósticos. 

DSM-5 (2013): 
A categoria de "Perturbações Relacionados ao Uso de Substâncias" consolidou abuso e dependência em uma única condição, a "Perturbação por Uso de Álcool", com especificadores de gravidade (leve, moderado ou grave). Isso foi motivado por evidências científicas que indicavam que o uso problemático de álcool ocorre em um espectro, e não como categorias distintas. 

Entrevista a SG  

Contexto Familiar e Social: SG cresceu em um ambiente familiar privilegiado, com acesso a bens materiais e uma vida de luxo. Desde jovem, ele expressou um forte desejo de seguir os passos de seu pai na marinha, o que moldou suas aspirações e identidade. No entanto, a pressão para corresponder a essas expectativas e a falta de experiências fora do ambiente familiar contribuíram para um sentimento de frustração e inadequação.  

História de Vida: A trajetória de SG é marcada por uma série de eventos significativos:  

  • Percurso escolar: SG enfrentou dificuldades escolares, culminando em um fracasso que impactou na sua autoestima. A pressão familiar e a sua comparação com o pai foram fatores que exacerbaram a sua frustração.  

  • Serviço Militar: SG alistou-se no exército, onde inicialmente encarou a sua experiência como uma "brincadeira". No entanto, a realidade do serviço militar e a responsabilidade que veio com a paternidade trouxeram novos desafios emocionais. Adicionalmente, SG tinha expectativa de ingressar nos 7 melhores para o curso de mergulho que aspirava, não tendo sido incluído na seriação 

  • Paternidade: O nascimento de sua filha foi um momento crucial, levando-o a refletir sobre suas escolhas e a necessidade de estar presente na vida familiar. SG, desistiu de uma missão no estrangeiro em função da sua vida familiar, vindo mais tarde a descobrir uma relação extraconjugal da sua ex-mulher da qual se divorciou, tendo ficado com a guarda da filha. 

Início do consumo: SG relata um uso do álcool como uma forma de lidar com a dor emocional e a frustração acumulada. Embora não o tenha dito expressamente, o consumo de álcool foi aprendido com o seu pai (figura idealizada) como estratégia maladaptativa para lidar com os conflitos, iniciado quando ingressou no exército como forma de lidar com a frustração de não ter sido aceito no curso de mergulhadores.  

Insight: SG reconhece que o consumo de álcool afeta suas relações familiares e sua saúde mental, levando a crises de ansiedade e sentimentos de solidão. Apesar de não ter enfrentado problemas de saúde diretamente atribuídos ao álcool, ele admite ter abandonado atividades que antes eram importantes para ele, como andar de moto e frequentar o ginásio.  

Suporte e apoio: SG expressa um desejo profundo por compreensão e apoio emocional. Ele sente que não é compreendido por aqueles ao seu redor e anseia por um espaço seguro onde possa compartilhar suas experiências sem ser julgado. A busca por um equilíbrio entre sua vida pessoal e suas aspirações profissionais é um tema central em sua narrativa. A falta de suporte por figuras representativas como a sua esposa, impactam negativamente na forma como lida com os problemas, potenciando-os. Ao potenciá-los, incrementa os conflitos conjugais, contribuindo para o ciclo do problema, que ao mesmo tempo funcionam como fatores de manutenção para o consumo 

Fatores precipitantes: Situações geradoras de stress emocional, como o relacionamento com a esposa, sentimento de incompetência percebido, personalidade obsessiva-compulsiva devido às características de perfeição, preocupação com atividades profissionais, extremamente preocupado com o que pode acontecer de futuro e preocupação em ser “certinho”, que dificulta a mudança. As dificuldades económicas que SG atravessa, são também vistas como fatores precipitantes para o consumo. 

Fatores de Risco:  

  • Fatores Ambientais: A proximidade de cafés junto ao seu local de trabalho onde habitualmente se agrupam indivíduos consumidores de bebidas alcoólicas de baixo estatuto socioeconómico. Adicionalmente, no seu local de trabalho, convive com alguns amigos que ali se deslocam para consumir álcool com SG. 

  • Relacionais: Como já indicado, as companhias de SG, contribuem para a manutenção do problema. 

  • Outros fatores: As tentativas falhadas sobre o abandono do álcool no passado, a falta de apoio por parte da esposa e o relacionamento volátil, bem como, o reforço negativo quando consome de forma a minimizar os problemas.  

  • Fatores Genéticos: Perturbação do álcool pelo pai.  

  • Fatores individuais: Sexo masculino, 32 anos de idade, autoestima e senso de autoeficácia diminuído, crenças disfuncionais 

Fatores de proteção: Condição socioeconómica dos pais e suporte dos mesmos. Os filhos de SG, são fonte de motivação para a perceção e riscos do consumo, sendo atribuído a eles a intenção de mudar. 

Fatores de manutenção: Problemas emocionais não resolvidos, ausência de competências individuais na resolução e gestão de conflitos e emoções, bem como o alívio temporário de “não pensar nos problemas” que o álcool lhe traz. Adicionalmente, o fato de a esposa não o confrontar quando SG chega a casa notoriamente alcoolizado, contribui também como fator de manutenção para o consumo, já que, funciona como reforço negativo 

Teste AUDIT (Anexo)  

Foi efetuado o teste AUDIT abreviado – Versão Portuguesa a SG  

O score total de SG foi de 24 pontos, o que indica dependência para o consumo de álcool, devendo por isso ser referenciado para tratamento e serviços especializados de dependência.  

Entrevista com profissional de saude  

Na entrevista realizada à profissional de saude, são extraídas informações valiosas sobre diversos temas, nomeadamente:  

Prevalência das adições ao álcool, onde é referido e discutido a crescente procura por ajuda de pessoas com problemas relacionados com álcool, principalmente, por populações mais velhas comparado com populações mais novas, apesar de existir um aumento no consumo pelos mais jovens, sendo nestes a prevalência do consumo em contextos sociais (e.g. festas, discotecas).  

São destacadas as motivações para o tratamento, nomeadamente, na comparação entre quem procura ajuda voluntariamente e quem recorre aos serviços por ordem judicial, verificando-se que existem motivações de regulação externa, também se verificam adesões de mudança mais autodeterminadas, existindo nestas menos observações de resistências ao tratamento. 

Os impactos sociais e funcionais são também abordados, em particular, nas dificuldades trazidas para as famílias que convivem com indivíduos com este problema, principalmente nas relações e comportamentos violentos, nomeadamente ao nível da violência doméstica, despedimentos e condução sob efeito de álcool.  

As estruturas dos serviços do XXX e as intervenções e abordagens terapêuticas são também referidas, com ênfase na reestruturação integrativa do serviço em Portugal e na harmonização das intervenções nos diversos polos nos diversos pontos do país.  

As intervenções não obedecem a um modelo teórico específico. No entanto, o sistema familiar é sempre considerado e valorizado nas intervenções com os pacientes, já que estes têm uma enorme influência na mudança do adito. 

Decorre ainda da entrevista, a partilha de algumas dificuldades sentidas nas resistências à mudança pelos pacientes, assim como algumas dificuldades tidas no follow up após alta clínica, por inexistência de estrutura e técnicos suficientes para efetuar este acompanhamento devido ao número elevado de solicitações daqueles Serviços. 

Conceptualização do caso 

A conceptualização do caso SG destaca a interação de fatores individuais, familiares e contextuais na origem e manutenção da perturbação relacionada com o  álcool. Alinhado às diretrizes do XXX, a abordagem terapêutica deve ser integrativa, com grande foco no contexto familiar e estratégias de intervenção que promovam o equilíbrio emocional e a reestruturação das redes de suporte.  

SG é um homem de 32 anos, casado e com dois filhos, sendo a filha mais velha fruto de um relacionamento anterior. 

SG, tem um percurso de vida, marcada pela ausência do pai na sua infância, tendo-se desenvolvido com uma única figura parental (mãe) com a qual estabeleceu como objeto de referência. Sendo criado pela mãe, SG não explorou de forma segura o ambiente, criando por isso uma vinculação insegura de dependência. As suas experiências no início da vida adulta impactaram negativamente as suas experiências de vida nomeadamente: Não ter conseguido entrar no curso de mergulhadores como o seu pai e relacionamentos fracassados, afetando o seu autoconceito e a sua autoestima. 

SG iniciou nessa altura o consumo aditivo de álcool, tendo sido intervencionado em consulta de psicologia, com remissão parcial do consumo. 

Atualmente, devido a problemas no seu relacionamento, SG aumentou o seu consumo de forma considerável, várias vezes ao dia durante todos os dias da semana desde janeiro de 2024. O consumo tem tido impacto significativo em diversas áreas da sua vida: Social, Ocupacional e íntimo. 

SG, no teste AUDIT, pontuou com 24 pontos, tendo por isso indicação de referência para tratamento 

SG, não manifesta sintomas por abstinência como tremores, delirium tremens ou comportamento violento (por autorrelato). 

Mostra bom insight e motivação para mudar quando os seus problemas emocionais estiverem resolvidos. 

Com um histórico problemático de abuso de álcool, as pressões familiares e sociais, as suas frustrações pessoais, eventos estressantes e dificuldades emocionais influenciaram a sua trajetória de vida e contribuíram para o desenvolvimento e manutenção do problema. 

Atualmente, enfrenta problemas relacionados com o consumo de álcool, baixa autoestima e dificuldades em equilibrar a sua vida pessoal com a sua vida profissional. 

À luz da entrevista técnica do ICAD, é possível analisar as suas dificuldades dentro de uma perspetiva biopsicossocial, considerando os fatores individuais, familiares e contextuais. A entrevista técnica de saude oferece insights sobre aspetos relacionados à prevalência, motivações para o tratamento e fatores sociais e funcionais, para os quais podem ser aplicados ao caso SG. 

Discussão 

Na prevalência e padrão de consumo, o aumento do consumo entre as populações mais jovens é coerente com a experiência de SG, embora a sua procura por ajuda profissional ocorra na fase adulta, refletindo uma tendência à resistência inicial ao tratamento. Na motivação para o tratamento, o SG procura a compreensão e apoio, o que leva a crer que esteja mais predisposto a aceitar ajuda voluntariamente, facilitando intervenções terapêuticas mesmo que ainda haja uma resistência à mudança persistente. Inclusive, foi comparado os desafios entre quem busca ajuda voluntariamente e quem é encaminhado por ordem judicial, que muitas vezes os pacientes apresentam resistência por não reconhecerem a gravidade da sua condição. Nos impactos sociais e funcionais, os desafios familiares e emocionais descritos pelo próprio estão alinhados com os impactos negativos frequentemente observados no consumo problemático de álcool, como também os conflitos familiares e prejuízo nas relações interpessoais. 

É de extrema importância ressaltar que a figura fantasiada do pai, devido às suas ausências sistemáticas por conta da sua profissão, conduz SG à ausência de representação de si próprio como uma figura masculina. Ou seja, isto faz com que o SG entre numa internalização de uma família fantasiada por transferência e desejos projetados da sua mãe como também a uma idealização sobre a estrutura familiar com características e fantasias próprias. A ausência do pai também conduziu SG a uma experiência na sua fase de desenvolvimento, a dificuldade de impor limites. 

O facto de SG não ter sido admitido no curso de mergulhadores desencadeou uma resposta à frustração, utilizando o álcool como forma de lidar com o problema, assim como o seu pai idealizado fazia (que na forma idealizada é o comportamento correto a ter segundo SG). Esta forma de agir e utilizar o álcool como estratégia de copping alivia SG de uma forma temporária mas, não é capaz de solucionar o problema gerando um sentimento de frustração, tristeza, senso de incompetência e baixo autoconceito. 

Outro facto igualmente importante é que a baixa autoestima de SG leva-o a procurar inconscientemente relacionamentos íntimos, cujas figuras femininas correspondam aos padrões da sua mãe. Quando SG se apercebe que essa figura não tem as mesmas características que a sua mãe, SG acaba por ficar frustrado e tende a regredir. Contudo, devido ao seu senso de incompetência que tem sobre si próprio, SG mantém-se em relacionamentos tóxicos já que para ele isso significa falhar. 

Como forma de lidar com esses conflitos internos, SG recorre ao padrão comportamental do seu pai idealizado através do consumo de álcool que, a curto prazo, lhe traz alguma satisfação provocando um relaxamento provocado pelo álcool assim como a retirada de força dos pensamentos automáticos dos problemas atuais, aliviando-o emocionalmente. 

Por esses motivos, foi muito difícil para o SG lidar e aprender a gerir conflitos internos e com os outros quando surgiam adversidades. 

A abordagem terapêutica, considera o sistema familiar como crucial nas intervenções do ICAD para uma maior ajuda a SG. Além disso, mencionou-se que os serviços do ICAD, precisam de uma reestruturação organizacional em Portugal, promovendo uma abordagem integrativa e harmonizada entre diferentes polos do país. 

Apesar de não seguir um modelo teórico único, as intervenções valorizam o envolvimento familiar e enfrentam desafios como a resistência dos pacientes à mudança e o acompanhamento pós-alta. 

De acordo com os critérios do DSM-5, é possível implementar um diagnóstico potencial de perturbação relacionada com o álcool (PRA). Esta perturbação engloba um padrão de consumo de álcool que tipicamente pode incluir o anseio pelo excesso e manifestações de tolerância e/ou abstinência em conjunto com consequências psicossociais adversas. O padrão mal adaptativo de consumo de álcool, pode iniciar-se com o simples desejo de alcançar um estado de embriaguez. Segundo algumas pessoas que sofrem com o alcoolismo, eles acham essa sensação de embriaguez recompensadora e, por isso, focam-se em alcançar essa sensação repetidamente. Diversos indivíduos que abusam do álcool cronicamente apresentam certos traços de personalidade como sentimentos de isolamento, solidão, timidez, depressão, entre outros. 

Os fatores da sociedade, que são atitudes transmitidas pela cultura ou educação infantil, afetam os padrões de consumo e o comportamento subsequente. Já nos fatores genéticos, considera-se que 45 a 65% da variância do risco seja derivada de predisposição genética. É importante ressaltar que a incidência da perturbação relacionada com o álcool é maior em filhos biológicos de pessoas com problemas com álcool do que em filhos adotivos em uma dada família (e também é maior do que na população geral). 

Em geral, os pacientes com esta perturbação vivenciam consequências sociais graves. A intoxicação frequente é óbvia e destrutiva; esta interfere na capacidade de se socializar e trabalhar. As lesões são comuns. Como consequência, podem resultar em relacionamentos falhados e perda de empregos em decorrência do absenteísmo. Existe também a possibilidade de que estes indivíduos possam ser presos em razão dos comportamentos relacionados ao álcool ou serem detidos por dirigirem intoxicados, o que resulta na perda do privilégio de poder dirigir por infrações repetidas. 

Consoante, o DSM-5 TR dá-nos um quadro nosológico descritivo que nos permite inserir numa categoria específica. Posto isto, considera-se que há perturbação relacionada com o álcool se os pacientes têm comprometimento ou sofrimento clinicamente significativo manifestado pela presença de mais de 2 sintomas dos seguintes em 12 meses: Ingerir quantidades maiores de álcool ou por períodos de tempo mais longos do que o pretendido; Desejo persistente ou tentativa mal sucedida de diminuir o uso de álcool; Tempo substancial é gasto para obter, beber ou se recuperar do álcool; Desejo intenso de álcool; Falhar repetidamente em cumprir suas obrigações no trabalho, em casa ou na escola por causa do álcool; Continuar a utilizar álcool apesar de ter problemas sociais ou interpessoais recorrentes por causa do álcool; Abandonar suas atividades sociais, profissionais ou recreativas importantes por causa do álcool; Utilizar álcool em situações que implicam perigo físico; Ter sintomas de abstinência alcoólica ou tomar álcool por causa da abstinência, entre outros. 

Se relacionarmos estes sintomas ao paciente SG, é possível dizer que este se insere em mais de 2 sintomas por mais de 1 ano. Alguns dos fatores que o fazem ingerir álcool em excesso poderá ser uma fuga à realidade de forma a evitar pensar no casamento fracassado. Igualmente, poderá o comportamento ocorrer através da vinculação ao pai como figura de referência idealizada, adotando por isso os seus comportamentos aprendidos. Poder-se-á questionar se SG bebe de forma a evitar o confronto com os problemas. Podemos também deduzir que poderá existir um conflito de identidade sobre as suas expectativas de pai para com a sua filha. A importância de uma avaliação dinâmica e compreensão centrada na pessoa e não no problema, fornece insights valiosos sobre estratégias de intervenção e motivacionais para a mudança do comportamento. Já que, pessoas com adições tendem a direcionar a sua atenção para os ganhos, uma compreensão profunda sobre a etiologia do seu problema, permite que a mudança ocorra de forma consciente e não por mera atribuição de tarefas comportamentais sem significado para a pessoa.  

É de extrema importância enfatizar o rastreamento do abuso de álcool nas consultas médicas de rotina, pois muitos indivíduos permanecem sem serem reconhecidos e de identificar estes sintomas. O diagnóstico deve ser confirmado com base em uma avaliação criteriosa, mas há indícios de PRA de leve a moderado. 

É fundamental considerar que não são só e apenas as estratégias que importam para combater a adição ao álcool ou os seus sintomas, mas também, compreender as suas causas subjacentes e quais os conflitos ou problemas internos, como os seus pensamentos e emoções. Importa indicar que a avaliação requer uma avaliação sobre a personalidade como, por exemplo, identificar a personalidade de SG como personalidade obsessiva-compulsiva devido às características que este apresenta. 

A personalidade é importante pois revela-nos que tipo de pessoa poderemos ter à frente e qual a melhor abordagem e intervenção para a ajudar. Neste caso, SG mostra-se rígido e perfeccionista e falta de competência, então seria necessário adaptar para uma abordagem em que lhe traga empoderamento e autoconfiança, com o intuito de promover o seu autoconceito. 

Como possível tratamento, é fundamental aconselhar os pacientes a diminuir o consumo de álcool abaixo dos níveis de risco. Para pacientes com problemas mais sérios de abuso de álcool, o ideal seria a adesão a programas de reabilitação pois combinam a psicoterapia (individual e em grupo) e a reabilitação ambulatorial. Outras formas de tratamento mais leves podem ser os grupos de autoajuda e considerar drogas que evitam a recaída ao álcool. 

Proposta de intervenção 

De acordo com o relatado pela tecnica de saude, aqueles serviços não possuem um modelo específico de intervenção, podendo por isso ser adotadas diversas abordagens teóricas como intervenção. 

Comumente, os grupos de apoio são os mais utilizados nos centros de dependências aditivas, mas, na prática, os pedidos de intervenção não ocorrem exclusivamente nos Serviços públicos, podendo por isso haver recurso nos consultórios privados. 

Neste sentido, a proposta de intervenção foi pensada nesse sentido e elaborada para o caso específico de SG, considerando as dificuldades comuns apresentadas por pessoas que sofrem com este problema, nomeadamente ao nível das cognições, regulação emocional, estratégias de resolução de problemas, ausência de suporte social e, adicionalmente neste caso, focado nos esquemas. 

Desta forma, a intervenção foi planeada adotando uma abordagem Cognitiva-comportamental com recurso a BCT´s (Behavior Change Technic), com base no modelo de mudança Transteórico de Proschaska e DiClementi (1980), já que contempla as várias fases de mudança e prevê as recaídas. 

A intervenção prevê 12 sessões conforme indicado no anexo 5. 

Conclusão 

O alcoolismo, enquanto perturbação complexa, apresenta-se como um desafio significativo de saúde pública devido à sua etiologia multifatorial e impacto devastador nos âmbitos físico, psicológico e social. Este trabalho explorou as dimensões teóricas, clínicas e práticas da Perturbação por Relacionada com o Álcool, abordando-a à luz do DSM-5-TR e complementando com um estudo de caso que ilustra a manifestação desta condição em um contexto real. 

A análise do caso de SG evidencia como fatores individuais, familiares e contextuais interação para a contribuição do desenvolvimento e da manutenção do consumo problemático de álcool. As entrevistas realizadas, tanto com o SG quanto com a tecnica de saude, sublinham a importância de compreender o alcoolismo de uma perspetiva biopsicossocial, que reconheça não apenas os fatores de risco e de manutenção, mas também as possibilidades de intervenção e reabilitação. Os dados recolhidos revelam ainda que o consumo de álcool em Portugal reflete um problema inter-geracional, influenciado por uma cultura permissiva e o fácil acesso à substância. Esta realidade reforça a necessidade de estratégias preventivas e políticas públicas que combatam as causas subjacentes e promovam uma maior conscientização sobre os impactos do álcool. 

O estudo deste caso não apenas confirma a relevância do diagnóstico criterioso e da abordagem integrativa descritos no DSM-5-TR, mas também demonstra a importância de modelos de intervenção que priorizem a individualização do tratamento e o envolvimento do sistema familiar. Igualmente, destaca-se a necessidade de continuar a desenvolver e harmonizar os serviços de apoio, como os dos SERVIÇOS, para que possam responder eficazmente às crescentes demandas e às resistências frequentes ao tratamento. 

Apesar do DSM-5 TR ser importante para um diagnóstico criterioso, não aborda alguns prejuízos a nível do funcionamento geral da pessoa em relação ao consumo excessivo de álcool. Quanto mais alta for a concentração de álcool no sangue, mais severas serão as alterações da consciência. Segundo alguns estudos, o excesso de álcool pode trazer imensas consequências a nível do funcionamento geral como o comportamento desadequado, humor instável, falta de discernimento, uma fala arrastada, déficit de atenção, problemas de memória como “apagões” e alguns problemas a nível de coordenação. Há também alguns problemas identificados a médio e longo prazo que podem ser definidos em 2 categorias: problemas físicos e mentais. 

A nível físico, as consequências podem ser gastrointestinais (ex.: gordura no fígado, úlcera, hepatite, …), neuromusculares (ex.: cãibras, perda de força muscular, dormência, …), cardiovasculares (ex.: hipertensão, arritmias, aumento do risco de AVC, …) e sexuais (ex.: redução da líbido, ejaculação precoce, infertilidade, …). 

Já a nível de perturbações mentais, alguns problemas identificados são a depressão porque o álcool tem um efeito depressivo sobre o sistema nervoso central e aumenta o risco de perturbações do humor e de depressão, que se revelam pelos sintomas habituais como o desinteresse, perda ou aumento de peso, dificuldade em dormir, fadiga, entre outros; a abstinência também afeta bastante os indivíduos que sofrem com o problema do álcool, em que os sintomas revelam-se pela taquicardia, tremores das mãos, insónias, náuseas, ansiedade, entre outros; a demência também é um fator consequente do alcoolismo em que a má nutrição, a carência pela vitamina B1 afeta diretamente a memória, em que se torna incapaz de armazenar novas memórias. 

No contexto do consumo crônico de álcool, o Delirium Tremens (DT) surge como uma das complicações mais graves, tendo características como alterações neuropsiquiátricas severas, como desorientação, alucinações, agitação, tremores e instabilidade autônoma. Este estado, frequentemente desencadeado pela abstinência abrupta em consumidores crônicos, representa não apenas um risco iminente de morte, mas também um marcador da gravidade da dependência alcoólica e dos seus efeitos no sistema nervoso central. 

A inclusão da análise do DT neste trabalho reforça a importância de compreender as múltiplas camadas do alcoolismo, desde os aspetos mais comuns aos mais críticos, como o Delirium Tremens. A abordagem multidisciplinar, incluindo o suporte médico, psicológico e social, é indispensável tanto para o tratamento agudo quanto para a recuperação prolongada dos pacientes. 

É imprescindível abordar as dificuldades no acompanhamento destes casos, tanto para o paciente como para o psicólogo. A psicóloga referiu alguns exemplos como o follow up que pode não existir e os tratamentos de curta duração apresentados pelo SNS. Apesar do DSM auxiliar o psicólogo a orientar-se, este não é fundamental para a compreensão do problema e da pessoa na sua complexidade e na sua experiência subjetiva de como se sente no seu próprio problema e como é que se sente em resolvê-lo. 

Este trabalho reafirma a importância de uma compreensão holística do alcoolismo, valorizando tanto o suporte clínico quanto o comunitário, como pilares essenciais para a recuperação e a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos afetados. 


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